28 de janeiro de 2019

Resenha: O ódio que você semeia

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Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial:

  1. Não faça movimentos bruscos.
  2. Deixe sempre as mãos à mostra.
  3. Só fale quando te perguntarem algo. 
  4. Seja obediente.

Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto.
Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início. Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa.
Depois de ter visto inúmeros vídeos sobre os melhores livros de 2018, vi que O ódio que você semeia precisava entrar na minha lista de leituras também, e foi uma das melhores decisões que tive. O livro conta a história de Starr, uma garota negra que vive em um gueto dos Estados Unidos e passa por uma situação traumática: ver um de seus melhores amigos de infância ser morto por um policial branco. A vida de Starr muda completamente, pois além de perder estabilidade emocional, ela é considerada testemunha do crime, sendo assim, ela é a única pessoa na cena, além do policial, que pode falar sobre o que aconteceu. Cria-se, então, um grande dilema: soltar a voz e lutar por justiça ou preservar sua vida e a da sua família.
Tupac diz que Thug life, "vida bandida", queria dizer: The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody, ou "o ódio que você passa pras criancinhas fode com todo mundo".
Não foi totalmente surpresa eu ter gostado do livro, na verdade, o que me deixou surpresa foi já ter considerado essa como uma das melhores leituras de 2019 sendo que estamos no começo do ano. O ódio que você semeia consegue retratar situações traumáticas e toda a questão do racismo de um jeito informal e extremamente envolvente, abordando também um tema muito frequente em diversos lugares, como no Brasil: a morte de pessoas negras por policiais.

O livro todo é um banho de cultura negra, a luta pela sua voz, a luta pelo fim de suas mortes por policias, sendo, portanto, um livro marcado como infanto-juvenil, mas que deveria ser leitura obrigatória para todas as idades. A autora traz toda essa informação, toda essa história de maneira profundamente intensa, mas ao mesmo tempo leve, fazendo o leitor se apaixonar pelas personagens e, também, se revoltar com esse cenário que, infelizmente, é constante.


As personagens são muito bem construídas, assim como os diálogos, que trazem muitas reflexões para o leitor, onde o mesmo é posto em análise acerca do seu comportamento na sociedade diante de diversas situações. É incrível o fato de que em apenas um livro temos questões acerca de relacionamento interracial, racismo, violência, tráfico, família, ser negro em um local majoritariamente branco, enfim, é uma infinidade de assuntos que são citados e que a autora consegue mesclar magicamente bem. Angie Thomas criou uma história diferente de tudo que já li, tratando de acontecimentos terríveis e pertinentes na sociedade atual ainda racista, e que merece ser lida por todas as pessoas.


Título: O ódio que você semeia
Título original: The hate u give
Autora: Angie Thomas
Editora: Galera Record
378 páginas
Capa: 
Narrativa: 
Classificação geral: 

Beijos,

Juli.

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