28 de dezembro de 2019

Resenha: Os Números do Amor - Helen Hoang

Resultado de imagem para os números do amorJá passou da hora de Stella se casar e constituir família — pelo menos é isso que sua mãe acha. Mas se relacionar com o sexo oposto não é nada fácil para ela: talentosa e bem-sucedida, a econometrista é portadora de Asperger, um transtorno do espectro autista caracterizado por dificuldades nas relações sociais. Se para ela a análise de dados é uma tarefa simples, lidar com os embaraços que uma interação cara a cara podem trazer parece uma missão impossível. Diante desse impasse, Stella bola um plano bem inusitado: contratar um acompanhante para ensiná-la a ser uma boa namorada.Enfrentando uma pilha cada vez maior de contas, Michael Phan usa seu charme e sua aparência para conseguir um dinheiro extra. O acompanhante de luxo tem uma regra que segue à risca: nada de clientes reincidentes. Mas ele se rende à tentação de quebrá-la quando Stella entra em sua vida com uma proposta nada convencional.Quanto mais tempo passam juntos, mais Michael se encanta com a mente brilhante de Stella. E ela, pela primeira vez, vai se sentir impelida a sair de sua zona de conforto para descobrir a equação do amor.

Depois de uma terrível ressaca literária, apostei em Os Números do Amor para me tirar dessa verdadeira fossa e reviver minha alma de leitora e deu super certo.

O livro é um romance adulto que se trata de uma história não tão clichê assim, o que já faz com que se destaque: a personagem principal tem Síndrome de Asperger, é extremamente bem sucedida, inteligentíssima e já tinha desistido do contato sexual. Entretanto, Stellla sempre sofreu com os comentários da mãe, dizendo que ela já deveria casar, o que sempre a deixou apreensiva, uma vez que ela não era muito boa com relações sociais em geral, e ela até conseguiria ignorar isso se não fosse o seu colega babaca que a provocou no mesmo dia e basicamente afirmou que ela não gostava de sexo por não praticá-lo:

Phillip estaria certo? Ela não gostava de sexo porque não sabia fazer direito? A prática levava à perfeição? [...]Talvez o sexo fosse só mais uma interação pessoal que exigisse um esforço extra de sua parte
É então que a história se inicia e Stella coloca em sua cabeça que para ela ser incrível no sexo ela precisava da ajuda de um profissional, um acompanhante masculino.


Como falei, a premissa do livro me chamou bastante atenção por não ser comum termos personagens principais construídas dessa maneira, muito menos tendo uma mulher como contratante (muito pelo contrário, vemos mais histórias à lá Uma linda mulher) e pra mim o livro já tinha me ganhado aí. 

Stella é uma personagem forte, extremamente capaz e bem sucedida e que tira de nós alguns preconceitos acerca de pessoas com Asperger. O leitor consegue realmente adentrar a mente de Stella e ver como uma pessoa com transtorno do espectro autista processa as coisas, o que depois descobri que é basicamente como a autora pensa, pois a mesma descobriu na vida adulta que possui a Síndrome, logo, para ela, foi muito fácil desenvolver essa personagem, pois não era nada mais, nada menos que um espelho dela mesma:
Nunca foi tão fácil para mim criar uma personagem. Eu a conhecia intimamente, porque ela vinha do meu coração.
A autora intercala a narrativa entre Stella e Michael e o leitor percebe que ela sabe o que faz com maestria, porque é totalmente diferente o estilo de cada um e esse tipo de leitura deixa tudo mais dinâmico, vendo os dois lados da história. Entretanto, talvez tenha sido por isso também que eu tenha achado as coisas um pouco repetitivas e lentas demais, pois teve um momento na leitura que eu não aguentava mais o "disse me disse" das personagens e de tirar conclusões precipitadas sem cabimento algum. Algumas coisas ficam extremamente claras para o leitor, exatamente porque estamos vendo ambos os lados, mas as personagens parecem que estão ainda em outro plano, o que realmente deixou o final um pouco maçante.

Apesar disso, a escrita da autora é extremamente criativa e ágil, o que deixa o leitor com vontade de terminar tudo de uma vez só. Deste modo, o saldo de Os Números do Amor é bastante positivo, pois cumpriu com o que eu estava esperando: um romance leve, gostoso de ler e diferente e, embora o final tenha sido repetitivo, o fato da autora ter Asperger e basicamente ter colocado si mesma no papel me ganhou de um jeito muito grande. Assim, finalizo a resenha recomendando esse livro para você que adora um romance adulto e quer fugir um pouco do mesmo.

Título: Os Números do Amor
Título original: The Kiss Quotient
Autora: Helen Hoang
280 páginas

Beijos,
Juli

28 de janeiro de 2019

Resenha: O ódio que você semeia

Resultado de imagem para capa livro o ódio que você semeia
Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial:

  1. Não faça movimentos bruscos.
  2. Deixe sempre as mãos à mostra.
  3. Só fale quando te perguntarem algo. 
  4. Seja obediente.

Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto.
Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início. Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa.
Depois de ter visto inúmeros vídeos sobre os melhores livros de 2018, vi que O ódio que você semeia precisava entrar na minha lista de leituras também, e foi uma das melhores decisões que tive. O livro conta a história de Starr, uma garota negra que vive em um gueto dos Estados Unidos e passa por uma situação traumática: ver um de seus melhores amigos de infância ser morto por um policial branco. A vida de Starr muda completamente, pois além de perder estabilidade emocional, ela é considerada testemunha do crime, sendo assim, ela é a única pessoa na cena, além do policial, que pode falar sobre o que aconteceu. Cria-se, então, um grande dilema: soltar a voz e lutar por justiça ou preservar sua vida e a da sua família.
Tupac diz que Thug life, "vida bandida", queria dizer: The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody, ou "o ódio que você passa pras criancinhas fode com todo mundo".
Não foi totalmente surpresa eu ter gostado do livro, na verdade, o que me deixou surpresa foi já ter considerado essa como uma das melhores leituras de 2019 sendo que estamos no começo do ano. O ódio que você semeia consegue retratar situações traumáticas e toda a questão do racismo de um jeito informal e extremamente envolvente, abordando também um tema muito frequente em diversos lugares, como no Brasil: a morte de pessoas negras por policiais.

O livro todo é um banho de cultura negra, a luta pela sua voz, a luta pelo fim de suas mortes por policias, sendo, portanto, um livro marcado como infanto-juvenil, mas que deveria ser leitura obrigatória para todas as idades. A autora traz toda essa informação, toda essa história de maneira profundamente intensa, mas ao mesmo tempo leve, fazendo o leitor se apaixonar pelas personagens e, também, se revoltar com esse cenário que, infelizmente, é constante.


As personagens são muito bem construídas, assim como os diálogos, que trazem muitas reflexões para o leitor, onde o mesmo é posto em análise acerca do seu comportamento na sociedade diante de diversas situações. É incrível o fato de que em apenas um livro temos questões acerca de relacionamento interracial, racismo, violência, tráfico, família, ser negro em um local majoritariamente branco, enfim, é uma infinidade de assuntos que são citados e que a autora consegue mesclar magicamente bem. Angie Thomas criou uma história diferente de tudo que já li, tratando de acontecimentos terríveis e pertinentes na sociedade atual ainda racista, e que merece ser lida por todas as pessoas.


Título: O ódio que você semeia
Título original: The hate u give
Autora: Angie Thomas
Editora: Galera Record
378 páginas
Capa: 
Narrativa: 
Classificação geral: 

Beijos,

Juli.

25 de janeiro de 2019

Resenha: Fangirl - Rainbow Rowell


Resultado de imagem para fangirl rainbow jpgCath é fã da série de livros Simon Snow. Ok. Todo mundo é fã de Simon Snow, mas para Cath, ser fã é sua vida e ela é realmente boa nisso. Vive lendo e relendo a série, está sempre antenada aos fóruns, escreve uma fanfic de sucesso e até se veste igual aos personagens na estreia de cada filme.
Diferente de sua irmã gêmea, Wren, que ao crescer deixou o fandom de lado, Cath simplesmente não consegue se desapegar. Ela não quer isso. Em sua fanfiction, um verdadeiro refúgio, Cath sempre sabe exatamente o que dizer, e pode escrever um romance muito mais intenso do que qualquer coisa que já experimentou na vida real.
Mas agora que as duas estão indo para a faculdade e Wren diz que não a quer como companheira de quarto, Cath se vê sozinha e completamente fora de sua zona de conforto.
Uma nova realidade pode parecer assustadora para uma garota demasiadamente tímida. Mas ela terá de decidir se finalmente está preparada para abrir seu coração para novas pessoas e novas experiências.
Será que Cath está pronta para começar a viver sua própria vida? Escrever suas próprias histórias?
 Após a leitura de Eleanor e Park, também da Rainbow Rowell, e de não ter curtido tanto quanto outras pessoas com quem eu conversava, decidi dar mais uma chance para a autora. Não posso afirmar se é uma característica intrínseca da Rainbow, mas tanto Eleanor e Park quanto Fangirl são livros em que as personagens têm um quê caótico em suas vidas. Neste livro, temos a Cath como protagonista, extremamente introvertida e que prefere viver no Mundo dos Magos do que na vida real, sendo assim, ela fica extremamente nervosa com situações sociais e poderia viver tranquilamente dentro do seu quarto para sempre. Mas, é claro que isso não se concretiza e ela precisa ir para a faculdade, só que dessa vez sua irmã deixa claro que quer que as duas sejam mais independentes uma da outra, o que aterroriza Cath. É nessa nova mudança de perspectiva na vida de Cath que o leitor é levado, passando por todo o seu nervosismo até as primeiras conquistas na faculdade.

Em Fangirl, é possível perceber novamente a escrita única da Rainbow Rowell, que consegue envolver bastante o leitor na história, mesmo que a mesma seja um tanto quanto fraca. O livro não possui tanto conteúdo e não é como se o problema de socializar da Cath fosse totalmente explorado, mas a autora consegue levar o leitor até o final com um ritmo prazeroso. O que acontece é que as coisas demoram bastante a acontecer, talvez pelo fato de Cath ter medo de mudanças, mas é como se as coisas não evoluíssem, o leitor fica meio perdido em relação ao objetivo, a ideia principal do livro.

Além do fato do livro só dar uma guinada no meio, Fangirl é intercalada com a história sobre o mundo pelo qual Cath é viciada: o de Simon Snow, uma óbvia analogia à Harry Potter e que acabou virando um livro de verdade em 2016, intitulado de Carry On. A história de Simon Snow é bem interessante, mas diversas vezes me vi pulando essas partes ou lendo de má vontade pelo fato de atrapalhar o andamento da própria história da Cath. É claro que em alguns momentos achei extremamente necessário, mas acredito que em todos os capítulos há uma parte sobre o Simon Snow, tornando um pouco maçante.

Fangirl é um livro legal, mas nada mais que isso. Possui um romance divertido e que, definitivamente, salvou o livro todo, mas que não possui um objetivo, uma ideia grande na história, tendo inclusive vários momentos em que parece que a autora "jogou" determinadas informações, sendo que no final nada é aprofundado. Serviu para divertir em alguns momentos, mas acho que já posso dizer que Rainbow Rowell não é muito "minha praia".

Título: Fangirl
Título original: Fangirl
Autora: Rainbow Rowell
Editora: Novo Século
424 páginas
Capa: 
Narrativa: 
Classificação geral: 

Se você já leu o livro ou quer ler, comenta aqui embaixo! O que acharam da resenha?

Beijos,

Juli.

9 de fevereiro de 2014

Resenha: Insurgente: Trilogia Divergente - Veronica Roth

Insurgente
O fim da iniciação de Tris deveria ter sido marcado por celebração e vitória com sua nova facção; no entanto, o dia resultou em horrores inimagináveis. Agora, à medida que o conflito entre as facções e suas ideologias cresce, a guerra se aproxima. E, em tempos de guerra, partidos precisam ser tomados, segredos vão emergir e as escolhas se tornarão ainda mais irrevogáveis - e poderosas. Modificada por suas próprias decisões, mas também por uma devastadora sensação de mágoa e de culpa, descobertas radicais e relacionamentos em transformação, Tris precisa aceitar por completo a sua Divergência, mesmo que não saiba exatamente o que pode perder ao fazer isso.
CONTÉM SPOILER DO LIVRO ANTERIOR

Tris Prior nunca pensou que sua vida mudaria drasticamente depois que descobriu que era divergente. Depois da guerra que matou seus pais, Tris precisa encontra abrigo junto com seus amigos e claro, fugir da Erudição. Jeanine está atrás dela, e não medirá esforços para encontrá-la.

Tris precisa salvar as pessoas que ama, mas ela não sabe como, sem falar que depois que matou seu amigo Will, nunca mais foi a mesma. Ela precisa arranjar um jeito de separar as coisas, para assim, acabar com Jeanine. Mas isso é mais difícil do que ela pensava.


O primeiro livro da trilogia me surpreendeu bastante, e com certeza, tornou-se uma das minhas distopias favoritas. Achava que não tinha possibilidade de Veronica me proporcionar ainda mais surpresas, mas pelo contrário, ela trouxe uma leva delas, o que fez de Insurgente, o melhor livro da trilogia até agora.

Alguns podem até dizer que o livro não flui no começo, mas isso não aconteceu comigo. Com o final de Divergente, o que eu mais queria era conferir o segundo e isso, é claro, fez com que eu devorasse o livro, e só parei quando cheguei ao fim.

Muitas coisas em Divergente não tinham sido explicadas bem, e é apenas em Insurgente que Roth finalmente dá algumas respostas aos leitores. É claro que ainda falta muita coisa que só poderemos conferir no último livro, mas ainda assim, já é um começo.

Insurgente é incrível, contudo, há sempre algo que incomoda não é? Neste livro, foi a Tris que trouxe momentos de muita raiva. Ela está desequilibrada, já que matou Will e seus pais morreram, e isso é um dos maiores motivos de suas atitudes totalmente precipitadas e impulsivas. Era como se ela fosse uma criança de novo, e toda vez que alguém dizia não, ela fazia.

Muitos momentos "quero entrar nesse livro para socar você" acontecem, mas tirando isso, a sequência da trilogia é maravilhosa. Tem tanta ação e emoção que podemos classificar Insurgente como uma montanha-russa de sentimentos.

O livro é fantástico e desejo que todos vocês leiam e confiram a escrita impiedosa de Veronica Roth. Mas, um conselho: se eu fosse vocês, leria Insurgente apenas quando Convergente tiver lançado. O final é muito (muito) frustrante.

Título: Insurgente
Título original: Insurgent
Autora: Veronica Roth
Editora: Rocco
511 páginas
Capa: 
Narrativa: 
Classificação geral:   

Beijos,

Juli.